Outro dia eu descobri uma conta de Instagram que mostra a realidade do pós-parto. Mulheres cansadas, barrigas flácidas, corpos diferentes, bebês, vários bebês… A gente não tem como prever o que vai acontecer depois que o bebê nasce. Nem com ele, nem com nosso próprio corpo.
A real é que, depois de ter um filho, a gente não consegue prever muita coisa. Nem questões práticas, como sair na hora certa ou qual roupa escolhemos (o bebê pode golfar e a gente precisa trocar – haja plano B!). Questões emocionais? Muito menos.
Dizem que algumas mulheres conseguem levar a vida da mesma forma após os filhos. Eu nunca conheci uma. Até mesmo quem opta por ter babá diurna e noturna, empregada doméstica, todo um exército de ajuda com casa e filhos… Ainda assim, acredito que ela fica diferente.
Gerar um ser humano é transformador. Ver aquela coisinha crescer, do zero, é transformador. Observar tudo o que precisamos, decidimos e optamos por fazer (igual ou diferente a antes) é transformador. Acho mesmo impossível sair ilesa.
E, claro, tanta transformação passa também pelo nosso emprego. A época de voltar ao trabalho talvez seja a mais complicada porque tem a questão da adaptação – a nossa e do bebê. Sem falar em voltar à rotina de trânsito, horários… Por outro lado, poder almoçar sem um bebê no colo, comer comida quente e usar as duas mãos é um aspecto super positivo!
Nosso corpo volta ao trabalho, mas às vezes a cabeça não acompanha o mesmo ritmo. A gente quer estar lá, no escritório, mas parar de pensar na cria é um tanto difícil (ok, é impossível). Muitas mulheres voltam por falta de opção, mas não gostariam de estar ali. E aí começam a brotar os pensamentos sobre empreender, sair do trabalho para ficar mais tempo com o bebê… Outras têm menos opção ainda, já que são demitidas tão logo retornam da licença-maternidade com o fim do período de estabilidade.
Ser mãe e profissional já seria um eterno trabalho de equilibrista, um malabarismo, mesmo se não houvesse tantas transformações na vida. Com tudo o que acontece junto de ter um filho, imagine só!
Eu não tenho nenhuma fórmula mágica ou conselho sábio para resolver essa situação. Passei por ela, tomei minha decisão, estou aqui enfrentando diariamente as consequências dela. A única coisa que sei, nesse processo todo, é que nós precisamos conversar sobre isso e apoiar umas às outras para que a decisão seja menos pesada, que as mudanças sejam menos doloridas – ou, ao menos, mais suportáveis.
Compartilhar o peso de tanta transformação, em tão pouco tempo, ajuda a tornar o caminho mais leve. Ver que não estamos sozinhas (não estamos!), que a outra dá conta igual a nós (ou seja, não dá conta de tudo) e ter um ombro querido para chorar de vez em quando deveriam vir na lista de recomendações do obstetra, do pediatra e de todos aqueles que acompanham uma gestação.
Que possamos passar pelas transformações que a maternidade nos traz com leveza e companhia.
(Esse texto foi publicado originalmente na Revista Bússola do Empreendedor)